Érika Coelho propõe um estilo de pintura solto e livre, sem paradigmas.  Uma leveza, liberdade e singularidade expressas sem pudor no carisma natural, sem afetação, da bela mulher de biótipo longilíneo e semblante sereno por vezes emoldurado por fios de espessura fina do longo e brilhante cabelo.


Tal qual a tela, a presença de Érika é iluminada por olhos perspicazes, mas ao mesmo tempo inocentes, porventura de sua criança que anseia em receber e oferecer acolhimento e ternura.


Porquanto os deuses do Olimpo privilegiam os amantes da arte, decerto pincelaram os traços da estrutura externa e interna com a firmeza de propósitos e a sensibilidade que afloram de Érika Coelho.


Diplomada em Arquitetura e natural do Rio de Janeiro, no entanto artista plástica e conquistense por opção, o esporte é um dos seus hobbies preferidos, a natureza o seu objeto de inspiração, ama família, amigos e arte e detesta falsidade e hipocrisia.


Curte a leitura de romances, roupa despojada, ainda que arrojada. Das frutas ela escolhe a melancia, no momento a cor azul-petróleo.

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Lêda Nova — Ainda que controversa a exata quantificação pelos estudiosos da matéria, existem cerca de 8,5 bilhões de habitantes no planeta Terra; aproximadamente 100 bilhões de estrelas na nossa galáxia; e um número ainda incalculável de outras galáxias. Diante dessa absurdez numérica, difícil até de nossa mente mensurar, aonde se situa Érika Coelho?


Érika Coelho — No eixo do meu ser. Ante essa imensidão busco ser apenas eu.


L N — A depender do enfoque um copo pode estar meio cheio ou meio vazio. Qual a relação entre essa relatividade (propagada por Albert Einstein) e a arquitetura e as artes plásticas?


Érika Coelho — A arquitetura pode e até necessita ser mais definida e terminante do que abstrata. Já as artes plásticas contêm o potencial do absoluto do surrealismo e da expansão sem limites.


L N — Seria exato então definir a arquitetura como uma manifestação demarcada e a arte uma enunciação sem fronteiras?


Érika Coelho — Considerando a mesma relatividade e suas variáveis, eu diria que a relatividade da arte é infinda enquanto a arquitetura inclina-se ao atendimento das necessidades de conforto, bem-estar, progresso. Simultaneamente a arquitetura é a arte das formas, das curvas às retas; o concreto transmutado em poesia; barro se fazendo lar, escola, monumento! Segundo o mestre Niemeyer “quando uma forma cria beleza, ela se torna funcional e desse modo fundamentalmente arquitetura”.


L N — Quando pinta uma flor você adentra no espaço abstrato do surrealismo?


Érika Coelho — Um talo fora, ao lado, acima, abaixo da flor, flores sem pétalas, multicoloridas. Isto é surrealismo, catarse.


L N — Então se poderia dizer que Érika Coelho é uma artista plástica antes do que uma arquiteta?


Érika Coelho — Exercito mais a pintura, a expressão maior da minha arte. Inegável, entretanto que devo à arquitetura a base da proporção, das cores, da criatividade. Sem dúvida a arquitetura é o embrião em mim por onde nascem as flores.


L N — Se todos preferissem o amarelo o que seria do vermelho?


Érika Coelho — Uma cor é coadjuvante da outra, cada qual tem seu poder e espaço. O amarelo sugere a integração e estimula a inteligência. O vermelho entrevê a força, é a linguagem da paixão.


L N — E aí? Como seria o mundo sem o vermelho?


Érika Coelho — Na medida em que encoraja o amor e a paixão o vermelho aproxima. O mundo sem vermelho? Ih! O vermelho causaria falta. Sem vermelho seríamos incompletos!


L N — Diga do preto e do branco.


Érika Coelho — Preto é requinte. Branco? Ausência de personalidade.


L N — Em outra ocasião você afirmou que o branco é sua loucura artística. Como é isto?


Érika Coelho — O branco só existe enquanto misturado a outras cores. Ao mesmo tempo quando se mistura o branco, ele desaparece, se dissolve e se transforma na cor predominante, deixando assim de ser.


L N — O que seria do mundo sem o branco?


Érika Coelho — Considerando que o branco é luminosidade e não cor; que é um artifício e um instrumento para se criar cores; e que o branco necessita de outro para ser preenchido — o mundo sem o branco provavelmente ficaria menor porque sem trajetória para vir o novo. Não disse que o branco é minha loucura artística (risos)?


L N — Defina a dor e o prazer.


Érika Coelho — Excluindo a saúde, a dor busca quem quer, de repente por opção. Assim como o prazer.


L N — Belo e feio.


Érika Coelho — O belo personifica a maneira de viver, é a história que cada um vive e imortaliza. Já o feio não passa de modelos estereotipados.


L N — Inocência e perversão.


Érika Coelho — Um traço de pintura é inocência. Invasão de privacidade é perversão.



L N — Vamos conjugar verbos? Topa?


Érika Coelho — Claro!


L N — Violentar.


Érika Coelho — Pode ser a palavra. Mal colocada é pior do que uma urtiga.


L N — Boicotar.


Érika Coelho — Censura de expressão.


L N — Queimar.


Érika Coelho — Abalar minha sensibilidade me queima.


L N — Pintar.


Érika Coelho — Sou moleca, arteira e criança. Pinto o sete!


L N — Seduzir.


Érika Coelho — Charme me seduz!


L N — Amar.


Érika Coelho — Amar é se sentir amada.





L N — Se eu só pudesse lhe dar um presente e tivesse uma flor, um perfume e um livro. Qual você escolheria?


Érika Coelho — Escolheria a flor. Brado minha identidade com a flor! Se você me desse uma flor eu teria ganho de presente a sua sensibilidade e o âmago do que você é.


L N — Revele: quem é Érika Coelho?


Érika Coelho — Um indivíduo que entende que somos responsáveis por tudo que cativamos. No meu dia-a-dia eu busco ter responsabilidade pelos sentimentos que ensejo nos outros. Ah! Eu me alimento de pessoas!


L N — Se eu lhe dissesse que você é uma flor o que me responderia Érika?


Érika Coelho — Eu diria (risos) que a flor é a minha marca, a tatuagem de minha alma. Com a flor eu viajo dentro de mim, num anseio por algo maior, outra dimensão. E também caminho pelo outro e no Universo. Se eu fosse uma flor, ah! Se eu fosse! Eu seria eterna e apesar dos espinhos, ih! Os espinhos têm um quê de mistério! Eu uma flor? Incontestável que essa flor que eu seria bastaria para o ato de existir e de ser.

L N — Se eu só pudesse lhe dar um presente e tivesse uma flor, um perfume e um livro. Qual você escolheria?


Érika Coelho — Escolheria a flor. Brado minha identidade com a flor! Se você me desse uma flor eu teria ganho de presente a sua sensibilidade e o âmago do que você é.


L N — Revele: quem é Érika Coelho?


Érika Coelho — Um indivíduo que entende que somos responsáveis por tudo que cativamos. No meu dia-a-dia eu busco ter responsabilidade pelos sentimentos que ensejo nos outros. Ah! Eu me alimento de pessoas!


L N — Se eu lhe dissesse que você é uma flor o que me responderia Érika?


Érika Coelho — Eu diria (risos) que a flor é a minha marca, a tatuagem de minha alma. Com a flor eu viajo dentro de mim, num anseio por algo maior, outra dimensão. E também caminho pelo outro e no Universo. Se eu fosse uma flor, ah! Se eu fosse! Eu seria eterna e apesar dos espinhos, ih! Os espinhos têm um quê de mistério! Eu uma flor? Incontestável que essa flor que eu seria bastaria para o ato de existir e de ser.


L N — Não se engane Érika. Você efetivamente é uma flor!


(entrevista publicada na edição de 14.11.2008 no Diário do Sudoeste da Bahia)